sábado, 3 de dezembro de 2011

Mas quem é o flâneur?


Afirmar que o flâneur "surgiu" em determinada época seria arriscado, uma vez que o seu hábito de flanar reflete um comportamento, um estado de espírito inerente ao ser humano. Em português, o verbo de origem francesa flanar traduz-se por "passear ociosamente, sem objetivo ou direção certa: sair sem rumo, flanando." Mas o flâneur é muito mais do que isso. Ele é um atento observador da cidade e de seus habitantes e - por quê não? - um crítico do estilo de vida cosmopolita e veloz.

No entanto, é justo dizer que ele apareceu, com mais propriedade, durante o século 19, período de grandes mudanças sociais - como a industrialização, a criação de um mercado consumidor e o consequente surgimento dos grandes aglomerados urbanos. A "multidão anônima", como notaria o poeta Lautréamont (1846-1870), ele mesmo um defensor de outro fenômeno muito atual: a cópia. "O plágio é necessário", declarou, completando a afirmação famosa de que "a poesia deve ser feita por todos, não por um."

Esse andarilho misterioso, que a tudo observa, foi retratado a primeira vez pelo não menos misterioso poeta francês Charles Baudelaire. Para ele, o flâneur seria, entre outras coisas, o contraponto da figura do burguês do século 19, preocupado em fazer dinheiro, obter reconhecimento social e viver rapidamente - deixando de lado a contemplação das pequenas delicadezas do dia-a-dia.

Alguma identificação com os dias de hoje? Talvez. Dois séculos depois, o mundo só ficou mais veloz, deixando pouco espaço para a percepção e a sensibilidade das pequenas coisas da vida. Mas como tudo muda - ou não, surfar pela Internet, coletando dicas interessantes, não deixa de ser uma forma moderna de flanar.

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Quer conhecer um pouco mais sobre o flâneur e seus hábitos? Leia O Flâneur - Um Passeio pelos paradoxos de Paris (Edmund White, Companhia das Letras) ou clique aqui

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